Observando a forma como surgem os Centros de Umbanda e conversando
com muitas pessoas que dirigem seus Centros, cheguei a algumas conclusões aqui
expostas e que, espero, não despertem reações negativas, mas sim levem todos à
reflexão. Só isto é o que desejo e nada mais.
Todos os dirigentes com os quais conversei foram unânimes em vários pontos:
a) foram solicitados pelos seus Guias espirituais para que
abrissem suas Casas;
b) todos
relutaram em
assumir responsabilidade tão grande;
c) todos, de início, se sentiam inseguros e não se achavam
preparados para tanto;
d) todos só assumiram missão tão espinhosa após seus Guias
afiançarem-lhes que tinham essa missão e que teriam todo o apoio do Astral para
levá-la adiante e ajudarem muitas pessoas;
e) todos sentiam então que lhes
faltava uma preparação adequada para poderem fazer um bom trabalho
como dirigente espiritual;
f) todos confiavam nos seus Guias espirituais e no magnífico
trabalho que eles realizavam em benefício das pessoas;
g) todos, sem exceção, só levaram adiante tal missão porque
acreditaram nos seus Guias;
h) todos se sentem gratos aos seus Guias por tê-los instruído
quando pouco ou quase nada sabiam sobre tantas coisas que compõem o exercício
da mediunidade e sobre sua missão de dirigir uma Tenda de Umbanda;
i) mas todos ainda acham que há algo a ser aprendido e
acrescentado ao seu trabalho, mesmo já tendo muitos anos de atividade como
dirigente e de já haver formado médiuns que hoje também já montaram e dirigem
suas próprias Casas;
j) e todos acreditam que sempre é
tempo de aprender um pouco mais e não têm vergonha de ouvir o que
outros dirigentes têm a dizer;
Bem, só com essas observações acima já temos um retrato fiel dos
dirigentes umbandistas, e posso afirmar com convicção algumas conclusões a que
cheguei:
a) na Umbanda o sacerdócio é uma missão;
b) o sacerdote de Umbanda (a pessoa que deve dirigir um Centro e
comandar os trabalhos espirituais) não é feito por ninguém; ele já traz desde
seu nascimento essa missão;
c) o sacerdote de Umbanda invariavelmente é escolhido pela
espiritualidade;
d) só consegue dirigir uma Tenda quem traz essa missão, pois esta
também é dos Guias espirituais;
e) mesmo não se sentindo preparado para tão digno trabalho, no
entanto, a maioria crê nos seus Guias e leva adiante sua incumbência;
f) mesmo não sabendo muito sobre como dirigir uma Tenda, os Guias
suprem essa nossa deficiência e vão nos ensinando coisas muito práticas que,
com o passar dos anos, se tornam um riquíssimo aprendizado;
g) todos gostariam
de se preparar melhor para
o exercício sacerdotal, ainda que já sejam ótimos dirigentes espirituais;
h) todos lêem muito sobre a Umbanda e procuram nas leituras
informações que os auxiliem no seu sacerdócio;
i) muitos fazem vários cursos holísticos para expandirem seus
horizontes e a compreensão do que lhe foi reservado pela espiritualidade;
j) todos gostariam de ter alguém (uma escola, uma federação, uma
pessoa) que pudesse responder certas dúvidas que vão surgindo no decorrer do
exercício da sua missão;
Bem, o que deduzi é que ninguém faz um dirigente espiritual porque
só o é ou só o será quem receber essa missão dos seus Guias espirituais.
Mas, se assim é na Umbanda, no entanto o exercício do sacerdócio pode ser
organizado, graduado e direcionado por uma “escola”, e isto facilita muito porque traz confiança e orientações fundamentais ao
dirigente espiritual.
Devíamos ter na Umbanda mais escolas preparatórias tradicionais
que auxiliassem as pessoas que trazem essa missão, tornando mais fácil as coisas
para elas. E, lamentavelmente, além de só termos alguns cursos voltados
para esse campo, ainda
assim quem ousou montá-los é injustamente acusado de charlatão, embusteiro,
aproveitador e outros termos pejorativos.
Eu mesmo, só porque montei um “Colégio” sob orientação espiritual
e só porque psicografei algumas dezenas de livros de Umbanda (muitos ainda não
publicados) já sofri todo tipo de discriminação, de calúnia, de ofensas e de
acusações que espero que cessem, pois os umbandistas acabarão por entender que
todas as religiões têm escolas preparatórias dos seus sacerdotes.
Só assim, com todos aprendendo as mesmas diretrizes e doutrina
umbandista, a nossa religião conseguirá organizar-se e expurgar do seu meio os
espertalhões que têm feito coisas condenáveis e cujos atos têm refletido
negativamente sobre o trabalho sério de todos os verdadeiros umbandistas.
O texto acima faz parte do livro Tratado Geral de Umbanda, Editora
Madras
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