domingo, 26 de junho de 2016

O que tem a ver Xangô com São Jerônimo?


No dia 24 de junho sempre comemoramos o Dia do Orixá Xangô, quarto Trono de Deus, responsável pela Justiça, Divindade que atua com o equilíbrio dos seres, nunca foi humano e é uma energia Divina. Quando há comemorações de Xangô, a imagem apresentada é de São Jerônimo com um leão ao lado, um santo católico do ano 340 DC. Recentemente, uma pessoa da assistência me perguntou: Mãe, o que tem a ver Xangô divindade de Deus com um santo católico. Por isso, fiz este artigo.

Por Sandra Sagrado


Primeiramente, vale lembrar que a Umbanda é o culto à natureza e os Orixás são energias regentes da natureza, são Divindades, Tronos de Deus, nunca foram gerados como seres humanos, mas suas irradiações vivas e divinas sobre os seres que estão sobre elas lhes dão certas características peculiares.
Os Orixãs vem do culto africano das Divindades e, em virtude dos africanos negros terem sido trazidos à força para o Brasil como escravos, se viram obrigados a esconder sua espiritualidade e religião, realizando o sincretismo para que pudessem sobreviver e conseguirem manter sua crença, mesmo às escondidas.
Naquela época, o sincretismo se fazia necessário por uma questão de resistência cultural e sobrevivência física, já que os africanos sofriam muito nas mãos dos senhores de escravos que queriam controlar suas vidas, seus corpos e suas almas, não permitindo até que estivessem com a mesmas pessoas das famílias, separando parentes e até tribos que de idioma igual para impedir que se comunicassem.
Em África, o culto aos Orixás era territorial, visto que em cada lugar se cultuava um Orixá que era sustentador espiritual do povo da região de culto. Ao chegarem escravizados no Brasil, muitas tribos de diferentes locais se misturaram, ampliando assim o culto aos Orixás ampliando o número de Divinidades Cultuadas. Não entendendo estas diferenciações culturais e exercendo uma total dominação cultural, a igreja da época quis a todo custo "evangelizar" africanos e indígenas, que foram proibidos de expressar suas crenças originais.
Daí surgiu o sincretismo para suportarem o duro período em que viviam.
O Sincretismo hoje se tornou desnecessário, já que a liberdade de expressão de crenças religiosas é permitida. No entanto, devido ao longo tempo de educação cristã católica, uma boa parte dos umbandistas, ainda associa ou prefere associar Xangô a São Jerônimo, tal qual faziam antes os africanos escravizados, por uma questão de educação cultural. Abaixo, saiba sobre Xangô e sobre São Jerônimo. Pode-se dizer que São Jerônimo era um filho de Xangô, devido seu senso de Justiça e retidão. Eu ainda prefiro o Xangô sem sincretismo, pois é uma energia maravilhosa que equilibra os seres em todos os sentidos da vida, dotando a todos com razão e retidão, de acordo com o merecimento Divino.

Xangô


O Orixá Xangô é o Trono Natural da Justiça e está assentado no pólo positivo da linha do Fogo Divino, de onde se projeta e faz surgir sete hierarquias naturais de nível intermediário, pontificadas pelos Xangôs regentes dos pólos e níveis vibratórios intermediários da linha de forças da Justiça Divina. Estes sete Xangôs são Orixás Naturais; são regentes de níveis vibratórios; são multidimensionais e são irradiadores das qualidades, dos atributos e das atribuições do Orixá maior Xangô.
Eles aplicam os aspectos positivos da justiça divina nos níveis vibratórios positivos e polarizam-se com os Xangôs cósmicos, que são os aplicadores dos aspectos negativos da justiça divina. Como, na Umbanda, quem lida com os regentes desses aspectos são os Exús e as Pomba-Giras.
Os Xangôs intermediários, tal como todos os Orixás Intermediários, possuem nomes mântricos que não podem ser abertos ao plano material. Muitos os chamam de Xangô da Pedra Branca, Xangô Sete Pedreiras, Xangô dos Raios, etc. Enfim, são nomes simbólicos para os mistérios regidos pelos Orixás Xangôs Intermediários. Só que quem usa estes nomes simbólicos não são os regentes dos pólos magnéticos da linha da Justiça, e sim os seus intermediadores, que foram “humanizados” e regem linhas de caboclos que manifestam- se no Ritual de Umbanda Sagrada comandando as linhas de trabalhos de ação e reação.
Eles são os aplicadores “humanos” dos aspectos positivos da justiça divina.
Logo, se alguém disser: “Eu incorporo o Xangô tal”, com certeza está incorporando o seu Xangô individual, que é um ser natural de 6° grau vibratório, ou um espírito reintegrado às hierarquias naturais regidas por estes Xangôs. Nem no Candomblé se incorpora um Xangô de nível intermediário ou qualquer outro Orixá desta magnitude. O máximo que se alcança, em nível de incorporação, é um Orixá de grau intermediador. Mas no geral, todos incorporam seu Orixá individual natural, ou um espírito reintegrado às hierarquias naturais e, portanto, um irradiador de um dos aspectos do seu Orixá maior.

São Jerônimo


São Jerônimo nasceu na Dalmácia, hoje Croácia, no ano de 340. Sua família era rica, culta e de raiz cristã. Ele era filho único e herdou uma pequena fortuna de seus pais. Após a morte deles, Jerônimo foi morar em Roma, onde estudou retórica, que é a arte de falar bem, oratória, com os melhores mestres da época.  Foi  batizado somente aos vinte e cinco anos  pelo Papa Libério. Depois disso, recolheu-se com monges para estudo da bíblia, procurando traduzir versículos da Bíblia que serviram de base para a tradução bíblica da igreja aprovada  no Concilio de Trento
Após este trabalho, morou em Belém, como monge num mosteiro fundado por Santa Paula, sua grande amiga e auxiliadora nos trabalhos de estudo e tradução da Bíblia.
São Jerônimo morreu com quase 80 anos no dia 30 de setembro do ano 420 e é o Padroeiro dos estudos bíblicos, dos estudiosos da Bíblia. O dia da Bíblia foi colocado no dia de sua morte.

domingo, 5 de junho de 2016

Empatia, importantíssimo para a prática da caridade

Ouvimos muitas pessoas com suas queixas e, quando não estamos ainda embuídos do sentimento de caridade, sempre pensamos, que não é problema nosso. Quando voce é umbandista, esta prática precisa ser repensada. Senão, como praticar a caridade? Para entendermos as pessoas, é preciso praticarmos a empatia.
Por Mãe Sandra Sagrado

A reprodução deste texto é autorizada desde que citada a fonte.

O que é a empatia?

É a atitude de se colocar no lugar do outro para entender o seu problema. Voce não precisa passar pelos mesmos problemas para entender o que o outro está passando, mas pode se colocar no lugar dele e imaginar-se o que faria e como faria naquela situação e solidarizar-se com a pessoa. Quando consegue fazer isso, está mais próximo da prática da empatia e mais distante dos julgamentos desnecessários que só atrasam a evolução, criam fofocas e comentários desnecessários a boa união dos irmãos umbandistas.

Vamos tentar?

Imagine que uma família inteira está sofrendo assédio espiritual e uma das pessoas está praticamente adoecendo e tendo dores em todo o corpo por conta de espírito perturbadores e sua fala se torna difícil e repetitiva e ela briga contra tudo e todos para se manter de pé. 
Voce tem que se colocar no lugar da pessoa para saber o que faria, como pediria ajuda, como no templo poderia se fazer para ajudar o mais rápido possível, mesmo não estando incorporado, que rezas, que magias divinas que devem ser feitas neste caso, qual o tratamento a curto, médio e longo prazos. E confirmar com os guias quais os melhores tratamentos, porque muitas coisas são os próprios médiuns que precisam fazer e recorrer ao guia para confirmação.

Já se imaginou nesta situação?

Proponho a cada umbandista se colocar no lugar daquele que ele fica rindo entre bocas e soltando olhares. Coloque-se no lugar do irmão, imagine-se na situação dele, seja solidário e pratica a caridade, primeiro compreendendo e esquecendo os julgamentos desnecessários.

Para praticar a empatia, voce precisa primeiro perguntar a si mesmo: Por que esta pessoa está falando e agindo assim? O pode pode estar gerando este problema? Como poderei ajudar sem estar incorporado?


Se já conseguiu responder, já é um grande passo para ser um grande médium, solidário e praticar a empatia e deixar os julgamentos desnecessários de lado e aí sim, praticar a caridade. Afinal, a Umbanda é a incorporação para a prática da caridade. Voce tem que estar incorporado da caridade primeiro para depois conseguir incorporar os espíritos caridosos. Muitas vezes, é só isso que falta para dar um salto de qualidade em sua incorporação e em seu trabalho. Sair do próprio eu e praticar a empatia.

 Já pensou nisso?